PARTO
Poesia, cadê você?
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Silêncio.
Ela ainda é só uma idéia.
Faltam mar e chuva nesta madrugada.
E ela está esperando água.
Pra jorrar.
Fecundar.
Romper a bolsa que a acolhe.
Dar adeus ao útero.
E então nascer.
Chorando alto.
Plena de vida.
Faço força.
Sinto as contrações.
Sei que virá.
Porque de vez em sempre
me desfaço em água salgada.
E de quando em vez,
meus olhos chovem...
Torrencialmente.
Nascida das minhas águas,
a poesia vem...
me olha ternamente
e vira o rosto pra sugar meu peito, com doçura voraz...
Tem versos de chuva.
Ritmo de mar.
Lírica.
Vai se chamar Lírica!
Goimar Dantas
30 de novembro de 2006.
São Paulo
Madrugada. 1h52