Poema ao Amor Nascente
Aqui onde se cruzam saudades e palavras
É o olhar que te conduz até mim
É farta a memória para te soletrar
No mais íntimo caminho dos meus silêncios
À beira do refúgio de todos os pensares
A lassidão do inconfesso, do jamais dito
E todo o mistério do coração
Que me suscita a inevitável entrega
Não temo, nunca temi o êxtase da emoção
Apossando-se de qualquer prudência
Apetece-me o afeto, o sorriso da pele
Toda ternura e o delírio imprevisível
Nenhum instante se eterniza
Se nos falta a coragem para vivê-lo
Levo aos lábios o cálice deste amor
E anuncio-te à voz que se fazia afônica
Emudecida por teus senões e hesitações
É mesmo a realidade que liberta o sonho
© Fernanda Guimarães