A PARTIDA
Sempre que te vejo assim tão contente
Desenho dentro do meu peito a interrogação
Figura serpentiforme e renitente
Que pede uma reparação.
Sempre que vislumbro o teu vil sorriso
Em minha mente todo cérebro se revolve
No caixão da caixa craniana é impreciso
O que nunca, jamais se resolve.
Sempre que sinto o teu toque de carinho
Minha pele se retesa e se esquiva
Lembro um barco em alto mar, sozinho
Perdido, solto, livre, à deriva
É neste barco que por certo vou estar
Num dia de sol, nem sei quando,
Mas na hora dele enfim zarpar
Podes crer, estarei te deixando