CIDADE GRANDE
CIDADE GRANDE
Presunçosos de nariz empinado
Pisando sobre cimento
Viram loucos
E pobres coitados
Sapatos de salto
Botas de cano duro
Mas sem respirar
Não conhecem ar puro
Não olham
Por serem pobres e inseguros
Uma fabula viva
Onde coabitam saudades
Passeando suas enfermidades
Asfalto molhado
Andam sem olhar ao lado
Triste seres por a vida renegados
Um hospício mal cuidado
Com imediatismo na memória
Sempre querendo tudo hoje, agora
Como se a voz reclamasse do grito
Um monte de loucos sem eco nem infinito
(Orides Siqueira)