Mirante
A noite era escura
após a tarde quente.
O deck de madeira projetado sobre o mar
havia sido colocado ali
para que fosse possível olhar.
E, por isso, ela olhava.
No parapeito de si mesma
observava o canto do mundo.
Olhos perdidos
onde o azul encontra o azul.
Um vento quase fresco
revoava as saias das moças.
Com algum esforço,
deixava-se de ouvir os sons da cidade.
Projetada sobre o mar,
envolta em vento,
por um momento
vislumbrou o infinito.
E ele era azul.
(Flávia Côrtes - dezembro de 2012)
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