BRANCO Hospitais II

Branco. Tudo branco.

Paz? Nada em paz.

Só dor. Só o assombro.

Vidas e busca de mais vida

Corpos que querem acalmar o espírito

Fortalezas que sentem cair.

Belezas que só querem sorrir

Uma brancura paradoxal

Entrecortada de tons vermelhos

Aqui. Ali. Acolá.

Mas tudo muito branco.

Qualquer mancha: tempo finito

saída de cena.

Os brancos caminham entre os brancos

Raramente dialogam com as dores que não são brancas

Apenas papel, número, protocolo

para aqueles que não são brancos

E os não-brancos embranquecem sem ser brancos.

E essa brancura toda que inunda a manhã não é capaz de diminuir a dor

Minúsculos seres não brancos

Velhos

Mulheres

Homens

Parecem, os brancos, que também

não são brancos

Parecem não temer a troca da cor.

A troca na vida.

Cuidam a serão cuidados

Cuidado, pois.

No espaço que coabitam os de cor e o sem cor.

É a dimensão da existência. É o local em que haverá o retorno.

Sempre se volta ao ponto inicial.

Branco: ausência de cor.

De cor?

De amor?

De humor?

Apenas, branco?

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 09/12/2012
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