BRANCO Hospitais II
Branco. Tudo branco.
Paz? Nada em paz.
Só dor. Só o assombro.
Vidas e busca de mais vida
Corpos que querem acalmar o espírito
Fortalezas que sentem cair.
Belezas que só querem sorrir
Uma brancura paradoxal
Entrecortada de tons vermelhos
Aqui. Ali. Acolá.
Mas tudo muito branco.
Qualquer mancha: tempo finito
saída de cena.
Os brancos caminham entre os brancos
Raramente dialogam com as dores que não são brancas
Apenas papel, número, protocolo
para aqueles que não são brancos
E os não-brancos embranquecem sem ser brancos.
E essa brancura toda que inunda a manhã não é capaz de diminuir a dor
Minúsculos seres não brancos
Velhos
Mulheres
Homens
Parecem, os brancos, que também
não são brancos
Parecem não temer a troca da cor.
A troca na vida.
Cuidam a serão cuidados
Cuidado, pois.
No espaço que coabitam os de cor e o sem cor.
É a dimensão da existência. É o local em que haverá o retorno.
Sempre se volta ao ponto inicial.
Branco: ausência de cor.
De cor?
De amor?
De humor?
Apenas, branco?