nunca tinha notado esse elefante

Não, não é mais

as bandeirolas

na corda

e aquelas coxas

expostas, felizes

(um mundo amostra! )

não, não aquelas

tardes brilhantes

de rosa, roxo

e vermelho,

um frio que passava

(que nos lembrava do sono)

não mais a beleza

inocente, tudo

novo e diferente,

(havia mesmo rostos contentes?)

agora o céu baixou

sobre a terra

e meninos morrem

nas favelas, há sim

fome, há sim mortes

de homens, tudo ficou

triste? ou será eu bobo

que nunca tinha notado esse elefante?

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é nesse corpo

que lhe fala pela boca

do amor;

a solidão debrabrocha

como uma flor; como

uma vida nova, um

adolência upulenta

e dentro dela (digo da flor)

o choro que lavava

a calçada, que pintava

as paredes de outra

tinta...escorre

como um desejo

que desce que desce

até o espancado lugar

inseguro...

da flor, o gesto

impiedo de viver

enquanto bela,

enquanto viva

enquanto gabriela...

(que vive morta no coração

desse trouxa;

que não sabe matar

inseto ou amor sucumbido )

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 08/12/2012
Reeditado em 08/12/2012
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