MORTE ADIADA...
Os meus papeis em branco
andam morrendo de tédio
e já não acho remédio
para a falta de juizo.
Então, escrevo nas mãos
o que o papel recusa,
mas os dedos atraem
o papel que é lixo...
Meu tédio morre em branco
e agoniza sem remédio
no teto do prédio
suspenso no ar.
Escrevo na lápide:
Inconformada, sonhei por quase nada
e não morrerei tão já,
porque jaz a primavera
no lado direito da cama
e já não se ama o desejo de acordar.
Então, volto os olhos
para o tédio do papel em branco
e em espanto deixo escrito na lápide:
Inconformada, finco os pés
e não morrerei tão já...