CORAÇÃO DESPEDAÇADO

Bate coração, diz que inda me ama,

socorre as esperanças que me seguem em vida

e sob tuas batidas anima os meus encantos.

Bate, coração, desmancha esse meu pranto

que de tanto chorar quase rasgou minh’alma,

destruiu meu fôlego e arrancou-me a fala.

Teu ritmo desalegre já não me sustenta,

ouço o que não quero, pouca vida já me reinventa

e eu ébrio dessa lucidez vivo sem graça.

Bate coração, dá-me sossego,

deixa-me criar meus anjos e tecer meus beijos

para a maior mulher que me acolheu um dia,

trancou-se em minha vida e cuidou de ti como se fosse um outro anjo.

De treze a trinta meu sangue jorra e, fraco, resfolega e morre,

como se a vida já não mais lhe apreciasse.

Um coração e um poeta andam juntos, cabisbaixos e tristes

a decifrarem os poemas de tuas batida magras,

quase que desesperadas, sem fôlego novo, sem qualquer palavra.

Mas se realmente queres me levar, segue a bater desse teu jeito,

declama meu melhor poema dentro do meu peito e para,