A TORRE

Na torre do castelo então sagrado

Três escadas depois da solidão

Encontrava o destino seu soldado

Junto à porta bem debaixo do brasão.

Era talho na janela o Sol vermelho

Temperado entre nuvens fugidias

O destino que sonhava no espelho

No espelho foi laçar a flor dos dias.

Viu dançar e cantar na despedida

Do Sol abrilhantando nos outeiros

A campina verdejante dessa vida

Depois que vira cinza dos braseiros.

Na janela de iguais pousou defronte

Onze raios da lua que deriva

Enrolada nas penugens dessa fonte

Velho prisma no motor da água viva.

O mosaico torna a torre tatuada

Nos motivos doutras eras do condado

Pareciam ao destino quando nada

No destino parecia estar formado.

Repuxava a neblina o pensamento

Da pedra que jamais há de pensar

Que aquilo que não fosse sentimento

Também pedra sentiria em seu lugar.