Codornas

Cheguei em casa

a beira do abismo

escancarado

de tanto achismo

cheguei bêbado

cheguei cambaleando

cheguei equilibrista

cansado de andar

na corda

montado

em codornas

esvoaçantes

saltitantes

gargalhantes

olho no espelho

vejo apenas

morenas

penas

lo

meu rosto

desfi

transfi

guração

minhas lágrimas

já não caem mais em meus olhos

minhas lágrimas

secas estão

minhas lágrimas

escorrem

apenas no

mata borrão

do inferno

no céu não

lá em cima

é proibido

amar

é proibido

doar

é proibido

sentir

lá em cima

é invertido pelo meu espelho

manco

e caô

me prega cada peça.

Raphael Prisma Celeste
Enviado por Raphael Prisma Celeste em 07/12/2012
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