Codornas
Cheguei em casa
a beira do abismo
escancarado
de tanto achismo
cheguei bêbado
cheguei cambaleando
cheguei equilibrista
cansado de andar
na corda
montado
em codornas
esvoaçantes
saltitantes
gargalhantes
olho no espelho
vejo apenas
morenas
penas
lo
meu rosto
desfi
transfi
guração
minhas lágrimas
já não caem mais em meus olhos
minhas lágrimas
secas estão
minhas lágrimas
escorrem
apenas no
mata borrão
do inferno
no céu não
lá em cima
é proibido
amar
é proibido
doar
é proibido
sentir
lá em cima
é invertido pelo meu espelho
manco
e caô
me prega cada peça.