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de filho sei do meu
que nunca se escondeu
antes disso, tão claro se erigiu,
que quem de longe não o viu
nasceu à sombra da cegueira
esse filho a mim reservado
da minha jovem carne destacado
aponta o nariz contra o mundo
e, valente, seu discurso furibundo
convoca não sei quem às trincheiras
menino belo e tolo
acredita no passar pela vida sem dolo
acredita que o tempo lhe será piedoso
não vê adiante que lhe espera o terreno lamoso
repleto de porquês e outras questões sorrateiras
esse menino, alegria da minha velhice
entende o amor de pai como mera tolice
escapa-me dos abraços e os afagos repele
como se tais carícias lhe chicoteassem a pele
como se meus braços multiplicassem como trepadeiras
menino belo e tolo
leva contigo, de breve consolo
o fato de que teu pai não lhe fecha a porta
que chorar a fraqueza, não é coragem morta
e que o caminho se abre de várias maneiras.