Busca
Vivo a busca permanente dos que querem
O mundo onde a insensatez não crie limo
Onde o jogo não se vença na rasteira
Tampouco o energúmeno sobreviva as suas asneiras.
Vivo a ânsia perturbante dos que sondam
Cada viela, cada rua ou beco escuro
A procurar sem teodolito ou o que o valha,
A linha certa para a vitória da batalha.
Na minha busca-espera xingo frases inauditas
Que nem de longe representam meu sentir
Percebo a insanidade insolvente que me ronda
A opor ao meu querer uma existência hedionda.
No meu transe o paraíso é mais embaixo
Beira a borda da loucura ou esbarra no esculacho,
Se faz abismo ou altura inalcançável
É labirinto com saída para o impossível.
Nesse tatear constante, cervantesco,
Chafurdo a lama podre, fétida e densa
Aguardando que em meio a vermes e micróbios
Germine a íris, guia, insuflada por meus lábios.