LABIRINTO

Sou assim nas madrugadas

de insônia,

um ser da noite.

Um resto de abandono,

de um beijo

interrompido.

Ainda sinto o gosto,

não do último...

do primeiro.

Quase sempre me pego

contando os minutos

para o dia.

No silêncio,

o tique-taque

é uma sinfonia

de saudade.

Uma dor

que faz a alma

gemer.

Nessas horas

eu não quero uma sinfonia,

quero meu remédio.

E o que fazer

se a receita

partiu na tua boca,

no teu corpo.

Vou continuar me caçando

neste labirinto.

Aguço meus sentidos

abrindo portas noturnas

invisíveis.

Portas de mim mesmo,

meu outro eu

quase um estranho,

um invasor.

O estranho e o invasor

embutidos e entrincheirados

pela dualidade

na escuridão.

Maldita dualidade!

desgarrado de você.