PEREGRINO
PEREGRINO
Meu verso vai andando vida a fora...
colhendo a poesia nos desvios,
nas casas cata rimas, se enamora...
de olhares, de cantigas, de vazios.
Meu verso passa livre pelas ruas
e colhe a solidão das madrugadas,
viaja na saudade triste e crua,
abraça os andarilhos das estradas.
O verso vive andante, sem descanso
procura em cada curva do caminho:
os lagos do amor... calmo remanso
e o voo, o canto audaz de um passarinho.
Meu verso ao meu redor, sonha e passeia
e colhe a palavra em cada canto...
se embrenha no obscuro, se incendeia,
clareia o beco, a dor, o desencanto.
Meu verso anda solto, livre e puro,
exala o doce cheiro da emoção,
e brinca qual criança, pula o muro...
liberta o ser cativo da razão.
Meu verso companheiro de jornada,
transcende meu olhar, vê mais além,
viaja mar a dentro, cruza o nada,
retorna de manhã, na espuma vem.
E fala dos segredos e mistérios,
renúncias que brotaram de paixões,
nascidas sem razões e sem critérios,
apenas sentimentos, intensões.
E o verso continua em movimento,
tragando o doce ar das alvoradas,
do dia, da saudade e do lamento,
repondo as rimas vãs encabuladas.
Assim meu verso anda, volta e meia
confere a vida aqui, no vivo instante,
traduz o céu azul, a lua cheia...
e acalma o meu avesso inconstante!