Santos, 2012
fiquei cego cinco minutos antes de ver o mar pela primeira vez.
por muito pouco me escapou a sutileza de seu verde azulado
faltava-me quase nada para que pudesse vê-lo imenso
faltava-me quase nada para que pudesse tê-lo intenso
mas agora só me resta a brisa
o sopro do qual não se cobra corpo
o amável fantasma do cais do porto
a brisa
fiquei cego cinco míseros minutos antes de ver o mar
não entendi ter perdido a melhor cena, em que a cor
suplantava a forma e inundava o desnudo espaço,
ganhava a terra com anêmonas e algas de aço
mas agora só me resta a maresia
a língua onde não se vê crânio
a dura língua de tão forte titânio
a maresia