O ESPANTO
Por que me espanto tanto?
Com o homem humano
Que me assombra.
Que me deixa menos homem
Darwin está certo?
A ideia naturalista nunca morrerá?
Talvez seja porque idealizo
demais esse ser que se diz humano,
Pois é sempre idealizado
O olhar que tenho.
Por isso me choco no mundo e com ele
Por isso o mundo me é tormento
Platonicamente olhar
Por isso sonho
Por isso crio ilusões de mim
no outro do outro em mim.
Por isso nunca espero a bofetada
As gracinhas de corredor ditas ao vento
o olhar de raiva e nocivo
o bom dia boa tarde boa noite não respondido
Por isso...pelo ideal...pelo sonho...
Sonho que isto não é possível
Que se possível não entre os deuses ou semideuses,
mas os deuses só são imortais.
Me sinto tolhido frente aos outros em que acredito
Acredito?
Sou ingênuo
Bobo
Tolo...
Não sei. Sei apenas que o humano me constrange
Me choca
Me faz não querer ser...
Me envergonha.
O olhar, as palavras: armas que me agridem
Flechas que me queimam.
O espanto é no sutil
É no micro.
Sou também assim?
Pergunta circular.
Pergunta edipiana.
Pergunta fácil.
Pergunta.
(Preciso acreditar no próximo. Sem isso, precisamos de arca novamente)