Eu sou...
Eu sou um ser atormentado
não sei se filho de um amor
ou se filho de um pecado...
Eu sou o que penso ser
ou o que penso saber
Eu sou aquele que ama
eu sou aquele que abraça
eu sou quem o destino engana
eu sou o alvo da trapaça...
Eu sou aquele que se ergueu...
Eu sou aquele que desmoronou!
Eu sou um vento que já passou
sou o caudal de um rio que secou...
Eu não sou pranto nem lamento
não sou riso nem contentamento!
Eu não sou gozo nem deslumbramento
não tenho ousadia nem acanhamento
não sou assim nem de outra forma
não tenho regra nem norma
e por vezes penso não ser ninguém...
Encostei-me numa esquina da vida
e não fiz alarde, como convém
pois quem para as suas festas convida
semeia barulho e colhe desdém...
Sou lento, sou sereno, sou triste
e sinto sempre um dedo em riste
apontando para mim...
Sou leal e diferente
Sou um calmo descontente...
Sou assim...!