toda negra

Como tal assim se apresenta
Em seu perfil neste site,
Certa literata noviça
Que poeta diz não ser,
Em que pese o fazer
De poucas mas imperdíveis poesias.
Ao delinear seu perfil
Diz-se "toda negra e não poeta".
Que antagonismo opõe
E se interpõe
Entre a cobertura epidérmica
E o inteligente labor da poética?
Sarcasmo, irreverência,
Ou só verbal incontinência?
Donde provada existência
Da uma tal conexão
Entre alguma propensão
Dita intelectual
E estereótipo racial?
Sem qualquer restrição
Entenderia se assumisse a negritude,
Posto que esta é conjunto de atitude
Com base em valores ancestrais
E exponente expressão
De orgulhos raciais.
Ou é bem precavida,
Faz de antemão a ressalva
Suspeitando que certa gente de pele alva
Lhe devotaria rejeição?
E em aceitando-a, o faria com restrição?
Ora, somos Brasil de tão só disfarçada tolerância
Mas de real
Racial
Miscigenação.
E quantos negros intelectuais tivemos
E hoje mais ainda temos?
O, dentre muitos, mais festejado
Genialíssimo Machado?
Assim, querida,
"Toda negra" continuas,
Na tez,
Para a qual não faço desfaçatez.
Tens um talento aflorando
Em poesias se expressando
Sejam "Vestidas" ou "Nuas" ...
E a saborosa "Oi"?

Poeta, podes dar-te por reconhecida
Tal a virtuosa qualidade textual exibida.
Mas afinal, por que diabos foi
A tal ideia de adotar por timbre literário
Um reducionista carimbo étnico
Omitindo o teu dom poético?
Cá entre nós ... soa bem temerário!
Que não te reduzas a mera cor ou tom,
Teu versejar é mais do que bom.
Não encare como machismo: que beleza
De ébano deves ser. Uma reverenciável deusa!.






Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 03/12/2012
Reeditado em 24/12/2012
Código do texto: T4018219
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