NINGUEM VIU O CÉU
Há tarde morreu sem o beijo
Aquele beijo...
O crepúsculo cresceu sem saber
Não se importou...
Não ligou pra verdades...
Que verdades?
O menino encolheu-se em seu medo
A noite sussurra...
A noite grita...
À noite o chama...
A mulher não adormeceu facilmente
Estava inquieta...
Indócil...
Temerosa...
Nas ruas da cidade ecoavam seus gritos
Lamentos fúnebres...
Audíveis... mas silenciosos...
Nas vielas e nos becos algo nascia...
Algo urrava...
E se espalhava...
Nas velhas viaturas a policia dava buscas
Evitava fugas...
Caçava malfeitores...
Fazia vitimas...
Em algum ponto no céu surgiu o cometa
Riscou o firmamento...
Incendiou o horizonte
Ofuscou as estrelas...
A cidade seguiu refém de seu medo...
Esta noite algo urrava nos becos
Esta noite a policia rondava
Ninguém notou
Ninguém viu o céu...
Não houve uma manhã.