ENSAIO PARA POESIA 2. Verso trincado, como coisa de Criança
Meu verso é trincado,
colado,
pobre como um paletó de palhaço
em seus remendos e sapato largos.
de rima falha
fora do trilhos
meu verso trincado eu não troco, não vendo,
simplório e barato
dou ao mercado
a quem quiser e puder
mas persisto
resisto
não o deixe romper de vez
colo com band-aid
com cuspe ou arroz
coisa de criança
urgente e desimportante
trincado
fora das normas.
VERSÃO 2 - PARA SE CHEGAR AO POEMA
PALAVRA É BRINQUEDO, MAS PODE SER ARMA.
Meu verso é trincado, quase um rascunho. Pobre como um paletó de palhaço em seus remendos e sapato largos, uma roupa inadequada para casamentos e formalidades.
De rima falha, fora dos trilhos, meu verso trincado, eu não o troco, não vendo, remendo, mas não o deixo romper, não me corrompo, como não vendo minha dignidade, como se vendem almas ao diabo, por aí.
Simplória e barata, minhas palavras dou ao mercado, a quem quiser e puder fazê-la sua, a quem entenda. Persisto, resisto assim, mesmo trincadas, coladas com band-aid, com cuspe ou arroz: coisa de criança, urgente e desimportante.
Fora das normas, as minha letras, essas costuras chamadas de palavra, é o que tenho e sei. Para mim é um brinquedo, com ela jogo malabares no cruzamento e nem peço uns trocados. Mas um alerta, palavra pode ser bala, arma de ponta. Cuidado!