MULHER DE ROXO

Roupa suja velha amarrotada

Velha doente desgraçada

De roupa roxa desfigurada

Solitária desce a Sé

Da Chile, as mãos do poeta

Olhos arregalados ao ver o próprio fim

Final da sorte, boca da morte

Suplicas rezada

Chama por Deus

Véu e grinalda

Louca desvairada

Voz de falsete

Esmola por dinheiro e benções de Deus

Veludo roxo por todo corpo

Esquizofrênica

Condenada a solidão divina

Na sua prisão sem muros

Jovem abandonada no altar

Enlouquecida pela realidade da vida

Crucifixo no pescoço

Rica em desgosto

A vida lhe prega uma peça

Um absurdo pior que a morte

Na slooper seu reinado solitário

Santa dos desvairados

Deusa dos desgraçados

Ferida inchada

Alma cortada pela vida sofrida

Ninguém sabe de onde vem

Ela não sabe pra onde vai

Sua alma sobe aos céus

Senta-se a direita do pai

Pobre beata da medincancia

Dragão sem asa

Esconde-se no carnaval

Esconde-se das mascaras

Das caretas que te lembram o sofrimento

Anda de um lado para o outro

De pés inchados

Cansados de sustentar seu corpo

Sua alma pesada pelo sofrer

Sofrida e querida

Pelos cachorros da esquina

Raphael MUKUMBI Lisboa
Enviado por Raphael MUKUMBI Lisboa em 03/12/2012
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