MULHER DE ROXO
Roupa suja velha amarrotada
Velha doente desgraçada
De roupa roxa desfigurada
Solitária desce a Sé
Da Chile, as mãos do poeta
Olhos arregalados ao ver o próprio fim
Final da sorte, boca da morte
Suplicas rezada
Chama por Deus
Véu e grinalda
Louca desvairada
Voz de falsete
Esmola por dinheiro e benções de Deus
Veludo roxo por todo corpo
Esquizofrênica
Condenada a solidão divina
Na sua prisão sem muros
Jovem abandonada no altar
Enlouquecida pela realidade da vida
Crucifixo no pescoço
Rica em desgosto
A vida lhe prega uma peça
Um absurdo pior que a morte
Na slooper seu reinado solitário
Santa dos desvairados
Deusa dos desgraçados
Ferida inchada
Alma cortada pela vida sofrida
Ninguém sabe de onde vem
Ela não sabe pra onde vai
Sua alma sobe aos céus
Senta-se a direita do pai
Pobre beata da medincancia
Dragão sem asa
Esconde-se no carnaval
Esconde-se das mascaras
Das caretas que te lembram o sofrimento
Anda de um lado para o outro
De pés inchados
Cansados de sustentar seu corpo
Sua alma pesada pelo sofrer
Sofrida e querida
Pelos cachorros da esquina