como se ja nao tivesse vivo

Não me instalei no casco

do navio como lodo

ou como limo velho

que ali se aloja...

nao instalei nas bordas

do estômago, na comida

estragada ou nas vertigens

dos amores antigos...

nas ramagens do feijão

na goteira que ninguem

concerta ou na surra

que o vento dá flor

da mangueira...

eu não me instalo

no que é feio

e no que é bonito

vivo acima das coisas

acima do mundo,

como se ja não tivesse

mais vivo...

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 03/12/2012
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