LUA COBIÇOSA

Ao lacerar a noite

em fendas aberta vejo a lua

qual ilumina-me em encantos

outrossim ela também na cama toda nua

deitada plena sobre escarlates mantos.

Minha sombra escorre pelo chão

exaurido a ela me consolo pleno

embebedando-me do seu veneno

mesmo ela vociferando um não.

Dantes somente mimos

sons,cochichos e murmúrios

tantas vezes rimos

corações palpitantes ofegantes

ainda com alguns perjúrios.

Pele no cheiro da pele

o amornar de dois corpos

o seu corpo em mim amoldável

uno inseparável.

A lua entra raivante e intrigante

pela fresta entra apartadora

com seus braços laceráveis

separa-nos recalcada e invejadora.

Agora entrelaçada em meus desejos

pelo enlaçar da invejosa lua

abrasante vejo-a ainda sobre a cama nua

sem poder extasiar dos meus ensejos

é a lua,com seu desejos e sobejos.