SENTADO NA CAMA
Sentado na cama
Ouço o cachorro latir.
Com a cabeça em dor
repenso sobre mim
Sobre o que sou e me tornei
As dores de ser homem
E as alegrias.
Preso ao espaço que estou
Não consigo
Não há correntes
Não há amarras a me segurar
Mas sei que estou
Me sinto assim.
Calado. Esquisito. Solitário.
A passar a mão na barba não feita,
Sem camisa que cubra o corpo.
Sem nada a cobrir as vergonhas.
Não estou nu...isso não: há a vergonha
Mas despido de algo que não sei explicar bem o que é.
Despido acho que de mim....que busco....que caminho sem sentido.
Fico quieto, a pensar...refletir...
Escolha das saídas possíveis
Das armadilhas puladas
Dos amores escolhidos em sonho
Dos quereres em mim: só em mim
Sentado
calado
Alado...
Solto os pensamentos em volta de mim
Pairam eles
estão aqui comigo que mudo não sei dizer.
As imagens construídas me assombram....
No entanto não saio estou paralisado e sentado na cama.
Mesmo que ao mesmo que ao meu lado minúsculas pessoas (liliputeanas) me clamem atenção,
Mesmo que fotografias familiares puxem lembranças,
Mesmo que sons de paz amor e harmonia adentrem ao meu ouvido
Mesmo assim me sinto calado e preso ao espaço da cama.
Que clama.....