RUA DA SOLIDÃO, Nª 15

Quando nas madrugadas frias

buscares calor das putas tristes

dobra na rua da solidão número quinze...

um coração partido te espera

como que partindo ao longe.

Um coração partido,

compartilhando a solidão velada.

Quando, pois, baterdes a porta...

não esperes que se abra.

Dobra a maçaneta enferrujada

com teus dedos molhados,

sejam eles do suor,

sejam eles do orvalho,

sejam eles das lágrimas...

E vai pelo corredor a direita.

Lá encontrarás uma pequena triste

que se despe ao teus olhos...

um coração partido,

compartilhando a solidão velada.

Não a abraces, para que te não ame.

Antes deita-te e espera um gesto frio.

Não sorrias, pois, pelo seu choro

que são o quê de suas carícias.

Deita-te e entrega-te...

a ela...

Um coração partido,

compartilhando a solidão velada.

Quando, pois, fores embora...

não deixes o aroma do perfume.

mas...

Quando nas madrugadas frias

te saciares do calor das putas tristes

dobra a rua da solidão número quinze...

com uma flor na mão

que deixa cair suas pétalas.