[Inominável Solidão]
Sim, é inominável a solidão
desta praça entardescente...
No compasso do meu sentir,
os passantes, os pássaros,
os cães, e até as árvores são
fantoches na vertigem da vida!
Estou só,
estou sem rumo,
estou largado na vida,
estou sem amor,
estou sem um cheiro,
ainda que à distância...
É uma tortura esta tarde assim...
Próximo da esquina
[ah... a esquina, sempre a esquina!]
o meu carro jaz inerte,
sem uma vontade tripulante,
parece chamar-me — vamos?!
No entanto, à beira do abismo,
eu deslizo, e apenas oscilo...
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[Penas do Desterro, 18 de novembro de 2005]
Caderninho das Cidades Mortas, p. 29