Não vale um vintém

sem um vintem

É um deserto estendido

na escrivaninha ( ou na tela de notebook comprado

a doze vezes sem juros não cartão...

( cadê o poema

que não pousa na folha branca?

que agora paira num tela

como se outra dimensão )

onde vem

do expledor do mundo

a semente poética?

eu já vi mil flores

bonitas e amarelas

e todas morrem

nesse rio que todo

vagamos em direção

a morte...

de asa

inteira, à beirada

das coxas

de roseli medeiros;

e eu busco, como

um bruxo, um feiticeiro

a matéria feita de letra

tragada de um sofrimento

inteiro...

( será que casou e

experimentou o amor

ou apenas se perdeu

nas platibandas da dor)

é o corpo que

do sol é sombra

esticada

é o peito engomado

do melado casco

dos navios que

durante anos

trouxeram amorte

novas aldeiras em

chagas nos livros

mesmo assim

a poesia não vem

se entretém na rejeição

de meus dedos; ( que saltam de

em palavras, num extensão

que parte de uma sombra quaquer..

que não vai nem

vem, empaca

e o que chega ( não vale um vintém)

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 02/12/2012
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