Não vale um vintém
sem um vintem
É um deserto estendido
na escrivaninha ( ou na tela de notebook comprado
a doze vezes sem juros não cartão...
( cadê o poema
que não pousa na folha branca?
que agora paira num tela
como se outra dimensão )
onde vem
do expledor do mundo
a semente poética?
eu já vi mil flores
bonitas e amarelas
e todas morrem
nesse rio que todo
vagamos em direção
a morte...
de asa
inteira, à beirada
das coxas
de roseli medeiros;
e eu busco, como
um bruxo, um feiticeiro
a matéria feita de letra
tragada de um sofrimento
inteiro...
( será que casou e
experimentou o amor
ou apenas se perdeu
nas platibandas da dor)
é o corpo que
do sol é sombra
esticada
é o peito engomado
do melado casco
dos navios que
durante anos
trouxeram amorte
novas aldeiras em
chagas nos livros
mesmo assim
a poesia não vem
se entretém na rejeição
de meus dedos; ( que saltam de
em palavras, num extensão
que parte de uma sombra quaquer..
que não vai nem
vem, empaca
e o que chega ( não vale um vintém)