Ao fim então!

Fim do mundo, fim de tudo, fim do claro e do escuro

Fim do som e do silêncio, do que falta e do que farta

Fim da vida e fim da morte, do regalo e da tortura

Fim da festa e do torpor, da pobreza e da usura.

Fim de mim e de você, fim do que teve começo

Fim do que se arrasta aos prantos e se faz trancos, barrancos

Fim esperado há tanto reeditando sua espera

Fim enfim do mesmo fim reciclando meus tropeços.

Fim de tudo o que não sei, do escrito e do desdito

Fim da reza que se lança e do pai que não se apresenta

Fim da força e da fraqueza, fim enfim do desigual

Fim daquilo que não quero e da tragédia natural.

Fim enfim, enfim o fim desenrolando a novela

Fim de fato e de direito, do desejo e da repulsa

Fim da coisa e da não coisa que minha cabeça martela

Fim da fala e do sossego que a poesia enfim expulsa.

Fim que não revela o que acaba, faz mistério do objeto

Fim que provoca o retorno ao início do trajeto

Fim então que só mascara como findaremos então

Finda apontando prá frente caminhos na imensidão.