AXIOMÁTICO
opto aceitar o destino tal qual é
já não vejo mais sentido em nada.
utopias, projetos que desvanecem,
tudo considero agora coisas vãs.
nada demarca direções, rota alguma.
apenas a dor da morte a consumir-me.
os pensares não abandonam, resistem
a ânsia, desde a hora do crepúsculo
duradouro até o romper da nova aurora.
profundas olheiras, denunciadoras das
atormentadas horas solitárias de reflexões;
servirá pra quê compor mais uma poesia,
ou cantar um samba canção num tom qualquer,
pra quê sambar se já não dá alegria. nem luz
nos pés que nunca se aquietaram na avenida...
coração emudecido, esvaziado; nada mais quer.
decidiu não querer nada que não seja imediato
antes que as palavras não se mostrem, insípidas
insisto no verso, num regato de água salobra.
esta tristeza que veio de súbito, instalou-se
e não mais quis abandonar o frio do meu peito
vivi, mas já deixou de ser prioridade pra mim.
um abalo sísmico, o aviso, e o soterramento
previsível duma vida inteira, o breve momento
de o verso permanecer como um lamento solo;
morro de medo agora; mas apenas me deixem ir.
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