Matizes
Deslizei
meus lábios por teus ombros,
e entre uma pausa e outra
do teu respirar,
imaginei tua boca
a me dizer as coisas
que não esqueço
a cada noite...
a cada vento...
a cada lua...
E ao despencar
do precipício dos seios
alojei-me em teu umbigo
e pensei comigo,
nas adjacências
e nessa dependência
doce e mortal
de tuas coxas.
Ao fim ,
me atiro aos teus pés
e, no provável viés
de nos repetir,
te olho enamorado
e logo sou tragado
outra vez
sem piedade
pelo teu cheiro,
pela tua boca
e pelo teu riso.
Imprevisível e preciso,
o universo que pintas
com suores e tintas....
Em tudo o que dizes...
Em tantos matizes...
Ou na pura nuance
de nosso romance.
(Extraído do livro "Murmurando Ventos" de Anderson Julio Lobone)