Grito de Porcelana
Minha voz deu um salto pela janela aberta,
despencou livre no volume e na mensagem,
paisagem em queda, poente do último alerta,
silêncio que se edifica no ar, na aterrisagem.
Foi assim o meu grito alado, aliado soldado,
na minha guerra ao silêncio, ao desatino do só,
e ferido de morte, o meu destino amordaçado,
pulou junto ao som, no abraço fechado do nó.
O objetivo e o instrumento numa mesma porcelana,
fiz assim, como artesão, o meu urro e o meu norte,
meu caminho aguerrido para a liberdade soberana,
deixei para além meu final, que alguém o desentorte.