QUE PENA, MUNDO
Ao meu amigo-irmão Iran Melo.
O mundo não me entenderia
O mundo não aceitaria
O mundo não quereria
O mundo não olharia
O que seria de mim se o mundo se desnudasse
O que seria de muitos se houvesse a verdade
O que seria da vida se não houvesse a mentira
O que esperar da vida
O que desejar dos outros
O que amar se a dor é presente
O que organizar diante da desorganização mundana
Há perguntas sem respostas
Há respostas sem as perguntas
Há o dizer sem palavras
Há a nudez coberta
Que pena, mundo
Pois a marcha está organizada
os panfletos impressos
as palavras de ordem na ponta da língua
para a luta diária pela existência,
mas o mundo é uma pena
Não entende ou não quer entender
O humano que o habita
Que pena, mundo
Me fazes menos
Me diminui a participação em ti
Me tolhe a ação e a ração
Me cria em redoma
Me atrofia o sentir
Me limita o amar
Que pena, mundo
Pelas cores frias que se permites
O multicolorido é alegria
Pelas mortes que aconteces em ti
Que pena, mundo
pela não mais exorcização de dramas
pela desorientação sexual
pela orientação errada do mundo
Que pena, mundo....pena...penas....