Vento, ventania
Esther Ribeiro Gomes
Vento forte que devasta,
tudo que encontra, arrasta,
que levanta minha saia,
desalinha meus cabelos
e remexe minha alma...
Vento que uiva e me assusta,
que encrespa as ondas do mar,
leva embora minha tristeza
e faz meu pensamento voar...
Ventania que a noite invade,
bate forte na janela,
faz voar a cortina,
e me dá uma saudade
dos meus tempos de menina!
Vento forte que vagueia,
muda o curso da areia,
movendo as dunas de lugar
e uma doce nostalgia,
me traz outonos de magia...
Vento que desembaça a vidraça,
pra que eu veja as folhas a voar,
atapetando as ruas com graça
e me fazendo sonhar...
Vento que passa desatento,
levando o meu pensamento,
nas brumas do tempo a viajar...
Vento que dança em meus cabelos,
trazendo a brisa pra me beijar...
Ah, vento, que passa ligeiro,
na solidão é meu companheiro,
vem à noite me acariciar
e doces momentos me faz recordar!
Ah, vento, ventania,
que deixa minh’alma nua
e nas noites de solidão,
açoita o meu coração!