Tons de cinza
Nada mais é meu, tudo apenas roça a superfície do Eu.
Marcos Lizardo
Tons de cinza
As vezes estamos insistindo numa porta
Enquanto há tantas janelas abertas...
Queremos cores quando o céu está sombrio, em tons de cinza
E queremos chuva quando o sol doira a pele
E quanta gente repele comida
Enquanto outros comem pedra.
Temos ciúmes quando amamos
Como se doença contagiosa fosse resolver
E mais: Instiga ainda mais...
Nunca fui ciumento, sempre dele fui alvo
E não bolina com o ciúme: As vezes vira fera.
Arranca a pele com os dentes
O ciúme é doença que dança no ventre
Sobre os cadáveres dos vivos
E quase mata, quando não mata
O amor que poderia ser eterno.
A Lua teve ciúmes do Sol
E o universo criou a noite e o dia!
Ciúme e lógica não andam juntas
Caminhos paralelos que trafegam vertiginosamente
Sob o amuleto da sorte.
Quantos desastres deixam famílias destruídas
E quantas crianças terão que morrer
Para que alguma atitude severa seja tomada
Como se ligasse a tomada do interruptor
E desse blecaute n'alma...
E os danos? Tantos...(Danos sem cura)!
Quantos sacrifícios
Teremos que suportar
Para alinhavar os estragos causados pelo tear da natureza humana?
A essência desumana
Os inconfessáveis
Les miseràbiles
As oferendas humanas
Como faziam os homens da caverna oferenda aos deuses
E ainda fazem os fanáticos, lunáticos
Deveriam estar em manicômio em camisa de força
Estão nas ruas dançando na chuva...
E os vudus?
Os megalomaníacos?
Os maníacos?
Deixe do lado de fora as esperanças de antes
Ninguém pode alcançá-las...
Abrace o que existe agora
O que está à sua frente, agora
Tudo existe dentro feito muda voz
Nada do lado de fora de nós.
Tony Bahia