Tons de cinza

Nada mais é meu, tudo apenas roça a superfície do Eu.

Marcos Lizardo

Tons de cinza

As vezes estamos insistindo numa porta

Enquanto há tantas janelas abertas...

Queremos cores quando o céu está sombrio, em tons de cinza

E queremos chuva quando o sol doira a pele

E quanta gente repele comida

Enquanto outros comem pedra.

Temos ciúmes quando amamos

Como se doença contagiosa fosse resolver

E mais: Instiga ainda mais...

Nunca fui ciumento, sempre dele fui alvo

E não bolina com o ciúme: As vezes vira fera.

Arranca a pele com os dentes

O ciúme é doença que dança no ventre

Sobre os cadáveres dos vivos

E quase mata, quando não mata

O amor que poderia ser eterno.

A Lua teve ciúmes do Sol

E o universo criou a noite e o dia!

Ciúme e lógica não andam juntas

Caminhos paralelos que trafegam vertiginosamente

Sob o amuleto da sorte.

Quantos desastres deixam famílias destruídas

E quantas crianças terão que morrer

Para que alguma atitude severa seja tomada

Como se ligasse a tomada do interruptor

E desse blecaute n'alma...

E os danos? Tantos...(Danos sem cura)!

Quantos sacrifícios

Teremos que suportar

Para alinhavar os estragos causados pelo tear da natureza humana?

A essência desumana

Os inconfessáveis

Les miseràbiles

As oferendas humanas

Como faziam os homens da caverna oferenda aos deuses

E ainda fazem os fanáticos, lunáticos

Deveriam estar em manicômio em camisa de força

Estão nas ruas dançando na chuva...

E os vudus?

Os megalomaníacos?

Os maníacos?

Deixe do lado de fora as esperanças de antes

Ninguém pode alcançá-las...

Abrace o que existe agora

O que está à sua frente, agora

Tudo existe dentro feito muda voz

Nada do lado de fora de nós.

Tony Bahia

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 29/11/2012
Reeditado em 03/12/2012
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