Cadeira de balanço
Colido a face com a atmosfera a frente,
ouvindo em nuances, a triste orquestra
sapos e grilos, espalhados pelo terreno
insossa beleza do que se repete
pernas repousam, braços adormecem,
pálpebras entardecem e confundem
o campo com o céu, ao solavanco
das horas...
recaído sobre a paralisia do pêndulo:
encurto os vãos, estendo a varanda,
improviso paisagens até onde permitem
os limites à vista
não sei se canso antes de agir
confortado na reclinação do vácuo;
sei que rodeado por cercas,
reservado, mato a pele em volta
estacionado num balanço previsível,
abdico da terra, faço honras
ao que de tão sabido surpreende,
singelo.