SEI TUDO DE TI

Eu tenho a palavra que te corta

A resposta mais precisa e cruel

Eu tenho o doce, o amargo e o fel,

A chave, a fechadura e tua porta.

Eu sei onde mora a tua tristeza

Sei a saída da tua fuga vã

Eu sei o que dizes cada manhã

Ao espelho negando tua beleza.

Eu sei tocar o dedo na necrose

Purgar o pus e estancar a dor

Eu sei que te desespera o amor

Porque em ti tudo morre pela dose.

Eu sei atravessar o teu caminho

E onde fica o fim da tua estrada

Eu sei cada pedra, cada topada,

O lanho e a ardência do teu espinho.

Eu posso - sabes disso - te conter,

Posso decifrar quais angústias sentes

Quando vens me propondo penitente

Zerar tudo esperando em ti eu crer.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 27/11/2012
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