sem um vintem
É um deserto estendido
na escrivaninha
( cadê o poema
que não pousa na folha branca?
onde vem,
do expledor do mundo
a semente poética?
eu já vi mil flores
bonitas e amarelas
que não sabem nada
nada somente delas
...)
rezo por uma vida
melhor, de asa
inteira, à beirada
das coxas
de roseli medeiros
( será que casou
experimentou o amor
ou apenas se perdeu
nas platibandas da dor)
é o corpo que
do sol é sombra
esticada
é o peito engomado
do melado casco
dos navios que
durante anos
trouxeram à morte
aldeias pretas
que se tornaram
chagas nos livros
mesmo assim
a poesia não vem
se entretém na rejeição
de meus dedos;
que não vai nem
vem, empaca
sem um vintém