(Pierrot Lunaire)
(Pierrot Lunaire)
Recebo grato o beijo dessa
boca morena e digo a verdade
Não sei fazer rima, mas posso
Lhe dizer das coisas que me anima.
De baixo dessa árvore
Vejo o mundo de pernas ocas
percebo o soar arcanjo que vem da tua boca
E a fogueira acende, a vaidade obedece.
Sei que nada é pra sempre
Tudo é raro e padece.
Quisera eu ser Jerônimo Dantas
de Oliveira, Com suas aventuras noturnas
Andar de guerra em guerra
Vivendo de boemia e comida.
Ama o corpo feminino
De curvas leves e amorosas
Amar o destempero das mulheres
Achar graça. Por isso volta
Bebe tão bem, o fogo
Que lhe sustenta
De vida, é cachaça meu amigo.
Uma maçaneta, um abrigo.
Não acorda cedo
O sol lhe é bom de tarde
Com mistérios insondáveis
De um céu azul e liquido
Bem vestido, é belo e limpo
Eu aqui, embaixo da copa
Na vastidão do céu inocente
Que é como uma redoma
De veludo, uma sutil corrente.
A namorada de Jerônimo Dantas de Oliveira
É a noite fechada, de medo e arrepio
È coragem herdada, um corte
No vazio. Se lhe pergunta seu nome
Sequer sabe, não existe, não viu
É homem de sabedoria
Que não liga pro progresso
A vida é apenas um dom
de fome, sede, de amor