Irônica Pureza [ com Derek Soares Castro ]

"Na ironia mortal duma miragem"

Derek Soares Castro

Recordo-me de ti, naquele dia

Teu seio ao sol, tão farto, puro e lindo;

Ao longe me fitavas... e sorrindo

Abria as brancas asas c'ousadia;

Eras a Vênus, lívida e formosa,

Um anjo virginal do paraíso,

Forma sacral que em sonhos idealizo,

D'etérea pulcritude esplendorosa.

Que mágica emoção senti choroso,

Meu seio arfava ao ver tua beleza

Erguida ao pedestal da natureza;

Um ser alabastrino e vaporoso!

O róseo lábio num soprar vibrava,

Meu nome que no vento estremecia

Na doce voz de meiga melodia,

Em cada amena letra que soava.

Meu ser alucinava-se... gritava

Teu nome; oh fada! oh, gárrula espanhola!

Que trenos! Que harmonias! tua viola

Chorava… mas, meu ser te acompanhava.

Como um clarão refúlgido, luzente,

Luzia a tua face angelical,

Como se fosse um lume divinal

Sagrado resplendor d'Onipotente.

Pensei beber perfumes doutra esfera,

Sentindo os teus aromas virginais;

Pairavas pelos campos sepulcrais,

Lancei-me como a presa à sua fera!

Mas, de ímpeto... Meus Deus! Quanta ironia!

Já não mais via a minha doce amada!

Era a visão da morte, desgraçada,

Que os sonhos meus, d'amores, seduzia.

26 de Novembro de 2012

*Nestório da Santa Cruz nas estrofes: 1ª, 3ª, 5ª e 7ª.

*Derek Soares Castro nas estrofes: 2ª, 4ª, 6ª e 8ª.