De café e fé (exercícios de rima pobre)
O apóstolo foi salvo em lance de tintas dramáticas
quando espírito de Deus andou sobre as águas
entre palmas, gritas e salvas entusiásticas.
Em algum livro apócrifo consta que, naquela manhã,
Sua túnica estava suja de café, um detalhe que naufraga
com o sublime do momento, com os clamores, com o afã.
Dois mil anos se passaram e são dramáticas ainda as tintas.
De igual modo, o café continua sendo um líquido negro, grosso,
[amargo e forte,
cujas grandes doses nos mantém de pé.
Entre crer no Verbo pairando sobre o mar e o vício da cafeína,
há uma palavra que a tudo ilumina: fé.
É menos que dogma, mas é mais que apenas rima.