P-BRANA
Desfazendo-me através das estrelas,
Você expande seu corpo de holografia
E queima o céu e seus satélites.
Eu sou a instável matéria escura,
Que observa a dança das esferas,
O renascer do tempo perdido,
Por entre as frestas do vácuo
E pelo aterrador silêncio
Da morada dos incorpóreos reclusos.
Sou o nada onde foram atirados
Os deuses todos renegados
Quando seu brilho era limitado
E seu sono era de morte.
O infinito está aqui e ali,
Escrito em nuvens de papel
E em homens de barro.
Em sopros do firmamento
E em quedas para o alto.
Descreve minha errância inútil,
Cartograficamente pelo limbo,
Tornando vermelho meu céu,
e translúcido meu pensamento.
Tudo dissecado, e bem colecionado,
Gravado a fogo nos corações perdidos,
perde-se no delírio e no sarcasmo
Da fumaça dançante do meu cigarro.