TRAUMA BALL
Ouvindo o mundo através de uma concha,
a mão se desprende do trapézio e cai.
As impressões fotográficas na alma
se sucedem como os desesperos ao longo do dia.
A infância nunca quis ir embora,
e o brarulho do projetor é insuportável.
Tudo que se criou na parte escura
é também alma e se vai junto ao efeito da queda.
Sempre se perdeu a direção do outro lado,
e todas as vezes a vida traiu.
É loucura tratável com incisão transorbital.
Docilidade à custa da consciência liquefeita.
Sem back-up para todo o tormento de um longo caminho.
Sem noite para se experimentar o terror.
O céu está caindo.
Tenho a queda e não sei para que serve.
Tenho o corpo confinado na malha colante
e os músculos não salvam da morte.
Porque o salto não teve solução no alto,
nem o impactou no chão do picadeiro
curou o desnecessário exercício de viver.