Na vitrine do mundo


As câmaras do meu prédio me olham,
As câmaras da rua me vigiam...
As câmaras dos turistas me levam.

Estamos em vitrines redondas
Seguidos por olhares vagos...
Apreciados por voyeurs viciados.

As câmaras da luneta me espreitam,
As câmaras do farol me exibem...
As câmaras do museu me enxergam.

Tudo são lentes focadas em nós,
No ensaio da peça no cotidiano,
Como se pudéssemos dar meia-volta
E retocar as palavras ditas e não ditas,
E deletar o que não saiu na medida.



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                       IZABELLA PAVESI
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                          imagem: internet