DEPOIS DE NÓS
Depois de nós, o silêncio de todas as músicas inacabadas
Soam em contrário movimento de paixões ausentes
Depois de nós, o antes se tornou a única palavra
A se pronunciar em desejos sempre tão dementes
O certo fim se tornou, enfim, algo que só vem depois
De todas as cenas finais dos filmes que me contaram
E da graça se fez desgraça por já saber o que seria e se foi
O antes, não mais que antes para ser o que imaginaram
Para um ser que só vem depois do ímpio sentimento
De achar que seria sempre eterno o momento
Em que nos olhos nos olhamos e decidimos juntos caminhar
E depois de nós, de tudo, só me resta poetar
Para multidões vazias cheias de descontentamento do posterior
Tão trágico que nunca antes vão os versos falar de amor
De forma a nada modelar e jamais querer ter
Tudo o que antes se pôs a nos dizer