UM DE LADO; OUTRO DE OUTRO
Um do lado
Um do outro
É assim que hoje caminhamos
Estradas paralelas
Sem um ponto sequer de ligação
Vidas que ocupam o mesmo espaço,
Mas divididos por escolhas
Um de um lado sonha dorme
O outro pensa e se consome
Corpos opostos
Dúvidas mapeiam o caminho que estão
Certezas fugazes criam angústias
Buscas oníricas de um lado
Urros do outro
Um de lado
Um do outro não se olham,
Procuram, apenas
Pois o desejo é medo
Receio, fraqueza.
Ao lado e distantes
Toques medrosos constroem realidades
Amenas, disfarçadas
Não há mais um sobre o outro
Um no outro
Um, apenas
Há o vazio. O querer não poder.
Os corpos não se entendem
Pensemos nas lamas, agora, poeta
Pois um do lado
Um do outro
Não há entendimento
Não há unicidade
Dois não é um, são dois mesmo
Uniformidade só da noite
Que os abraça, mesmo estando
Um do lado e
Um do outro
Mas há vida, estranho isso.