Xes
Xes
Profundo azul
meus olhos miram tuas janelas
defenestram sonhos
num jogo de ausências
preto branco preto branco preto
milhões de cores
praça vermelha
labirintos de memória
a glória de ser machina
e não saber
tiques, bits, chips
rolam as pedras da torre sobre o rei
rock, instante, sua vez
o movimento num bailar de zero e um
preciso, matemático
entre um turbilhão de neurônios
e neuroses de peão
sistemas nervosos eletrônicos
silêncio
o silício doce de outro vale
cavalga pelas veias
cpu, ram, rom, hal
e nossa inteligência mero brinquedo
artificial
tudo é um jogo de sistemas: kasparov mov
xeque!
operacional, magnético, virtual
deep soul, deep jazz, deep blue
ataraxia - a cabeça gira
a terra (quem diria?) menos azul
p e r d e r
isso é pra quem conhece
o frio da sibéria lambendo o peito
e já tropeçou no fio da tomada
deu branco, empreteceu
não há nada além
que uma bandeira quadriculada
no final
- publicada em LINGUAJÁ, O TERRITÓRIO INIMIGO -