BOBO NA PLATÉIA

BOBO NA PLATÉIA

Ultrajante, mercado livre revoltante

Intrigante, barriga cheia, cabeça vazia. Impressionante.

Semelhante, a cobra que pica, a magoa que fica Humilhante

Sempre avante, pensar que imagina, tramar na surdina. A todo instante

Cadeira vazia, restos de nada na pia, só uma sequela

Criando magia, imitando o que se cria, da janela

O palhaço que ria, o sonho de doutro dia: nunca sela

O plano traçado, o acordo firmado, aquele sonho do passado: numa cela

O corredor sombrio e a vida por um fio, parece real

Aquele absurdo, e a ideia do fim do mundo, parece normal

Quem teve a ideia, queria levantar a plateia, hoje é chamado marginal

Um brinque no inferno, um sorriso amarelo, até que não iria mal

A vingança já não é um prato

Tornou-se um desejo nato

Aquele medo, agora é um fato

O poeta... apenas mais um chato

Mas já que é assim

Se a história já escreveu seu fim

Se o índio hoje diz eu, esqueceu de “mim”

É melhor ser um bobo na plateia,

Que um artista chorando no camarim.