Soneto (outra vez sem título...)
A noite é um quarto escuro e habitado
por olhos semiabertos, delirantes.
Seus pátios são imensos, estonteantes,
e deságuam num campo semeado,
cheio de deuses rindo, como antes
riam-se os sábios de um templo sagrado,
e onde poetas loucos dão rompantes
de luz e caos num verso extasiado.
Meu Deus, eu já vivi mil outras vidas,
cheias de cores e de aromas mil,
em edens cujas almas eram erguidas
acima da existência mais servil,
e quanto mais vivo, em ânsias ardidas,
mais vejo a estrada além que a mim se abriu...