A SEREIA

Sob a trêmula luz da candeia,

Que distorcidas sombras clareia,

Um pescador assustado alardeia

Ao povo simples que o rodeia.

Em deserta praia arenosa,

Brinca uma sereia descuidosa:

Olhos azuis, boca formosa,

No pálido seio traz uma rosa.

A cena sob a luz da lua cheia

Faz o tempo parar, é noite e meia,

O mar pra ver se deita na areia.

Brinca a brisa nos cachos da sereia.

Fascinado, de sua beleza embriagado

Corri para os seus braços, apaixonado.

Senti meu coração descompassado,

Em seus encantos fiquei aprisionado.

Mas o cioso vento em mim bateu

E do meu peito o crucifixo pendeu.

Apavorada, com medo ela correu

E o seu corpo no mar, desapareceu.

Pela manhã na praia acordei,

Um sonho estranho, logo pensei.

De repente, cismado e gelado fiquei

Quando bem ao meu lado avistei

Aquela rosa... Que encantado lhe dei.

Aprendiz das Letras
Enviado por Aprendiz das Letras em 23/11/2012
Reeditado em 27/11/2012
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