A SEREIA
Sob a trêmula luz da candeia,
Que distorcidas sombras clareia,
Um pescador assustado alardeia
Ao povo simples que o rodeia.
Em deserta praia arenosa,
Brinca uma sereia descuidosa:
Olhos azuis, boca formosa,
No pálido seio traz uma rosa.
A cena sob a luz da lua cheia
Faz o tempo parar, é noite e meia,
O mar pra ver se deita na areia.
Brinca a brisa nos cachos da sereia.
Fascinado, de sua beleza embriagado
Corri para os seus braços, apaixonado.
Senti meu coração descompassado,
Em seus encantos fiquei aprisionado.
Mas o cioso vento em mim bateu
E do meu peito o crucifixo pendeu.
Apavorada, com medo ela correu
E o seu corpo no mar, desapareceu.
Pela manhã na praia acordei,
Um sonho estranho, logo pensei.
De repente, cismado e gelado fiquei
Quando bem ao meu lado avistei
Aquela rosa... Que encantado lhe dei.